O desafio de viajar pela BR-319, que há décadas apresenta problemas de infraestrutura, se tornou ainda maior após o desabamento da ponte sobre o Rio Curuçá, no Amazonas.
Motoristas e passageiros que dependem da rodovia, único acesso terrestre do estado ao restante do país, sofrem para fazer a travessia no trecho onde ocorreu a tragédia, que deixou quatro mortos, 14 feridos e desaparecidos.
O Governo do Amazonas disse que chegou a estudar a possibilidade do envio de uma balsa para realizar o deslocamento de veículos. Mas, após análise do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e da Superintendência Estadual de Navegação, Portos e Hidrovias (SNPH), foi constatado que não será possível, por causa do período de estiagem e do baixo nível da água na região.
“Percebemos que as balsas não iam conseguir navegar porque o rio está secando cerca de 25 centímetros por dia. Em quatro dias, um metro de seca é muita coisa, as embarcações correriam o risco de ficarem presas e só sair de lá depois que o rio enchesse, em março ou abril”, explicou o diretor-presidente da SNPH, Jorge Barroso.
Ainda conforme o governo estadual, uma ponte metálica deve ser instalada em torno de 12 dias no local. A estrutura será transportada de Porto Velho (RO) e montada pelo Exército, em parceria com o Dnit.
Antes disso, a primeira solução, depois do acidente, foi disponibilizar lanchas da Defesa Civil Estadual e dividir ônibus do serviço público de transporte rodoviário intermunicipal às margens do Rio Curuçá, para garantir que passageiros cheguem aos seus destinos.
Duas lanchas passaram a operar, a partir desta sexta-feira (30), no traslado de pessoas. Os transportes se somam a outras duas embarcações disponibilizadas, que já atuavam auxiliando a locomoção de pessoas desde a manhã de quinta (29). O serviço funciona das 5h às 19h, todos os dias, de forma gratuita.
Viagens de ônibus
De acordo com a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados e Contratados do Amazonas (Arsepam), uma operadora de transporte rodoviário intermunicipal de passageiros está realizando viagens para o Careiro, tendo nove ônibus em uma margem da via e quatro na outra.
Ao chegar no local do ocorrido, os ônibus vindos de Manaus e de Careiro estacionam em um local seguro determinado por fiscais do Departamento de Transporte Rodoviário (DETR) da Arsepam. Em seguida, os passageiros descem dos veículos em direção a uma das lanchas e atravessam o rio até a outra margem, de onde seguem viagem nos demais ônibus da empresa.
Ainda conforme a Arsepam, as operadoras do transporte rodoviário intermunicipal dos municípios de Humaitá, Lábrea e Apuí, que utilizam a BR-319, aguardam outras estratégias serem criadas para a retomada das viagens.
Cargas e insumos
Em reunião do comitê de resposta rápida do governo do estadual, ficou definido que o transporte de cargas será feito temporariamente entre Manaus e Manaquiri. Devido à vazante, uma rota alternativa está sendo estudada para garantir o suprimento da população.
Segundo o Corpo de Bombeiros do Amazonas (CBMAM), a previsão é que antes disso, os trabalhos da corporação já deverão ter sido encerrados. Os mergulhadores ainda procuram por uma vítima, para então acelerar a retirada dos veículos do rio.
Segundo o CBMAM, veículos pesados, como uma carreta de 20 toneladas e um rolo compressor de 15 toneladas, dificultam a agilidade do trabalho.
*G1 Amazonas