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Aulas de rebolado ganham cada vez mais espaço no Rio de Janeiro

Uma treino aeróbico pesado, com mais ou menos 1h30 de duração, ao som de funk 150bpm e com foco em mexer o bumbum. Aulas desse tipo vêm fazendo sucesso no Rio de Janeiro e ganhando adeptas (quase todas mulheres) com diferentes motivações.

Tem quem queira fazer um exercício diferente, boa parte quer ganhar autoconfiança com o próprio corpo, há quem desejo saber todos os passos e mandar bem nas festas, se soltar na hora do sexo ou “só mexer a raba mesmo”, como disse uma das alunas.

Homens não são exatamente proibidos, mas o foco está nas mulheres e no bem-estar delas.

Greca Ariel, de 22 anos, comanda seu projeto Rabalogia há um ano e oito meses, desde o início da pandemia. Suas aulas acontecem online, de sua casa, na Glória. Greca tem cerca de 50 alunas que, pelo menos 2 vezes na semana, participam.

Ela é uma estudiosa do movimento e ensina que o rebolado está muito além de ser só um passo de dança. É uma ferramenta de autoconhecimento.

“O rebolado tem muitos significados. Existe a sensualidade, a libido, mas também tem a ver com celebração e a resistência. Muitas meninas procuram a aula porque querem se soltar, se sentirem mais à vontade, terem mais intimidade consigo mesmas e com o próprio corpo. Rebolar tem uma capacidade de potencializar isso, está em um lugar muito profundo”, diz ela.

Corpo Solto

Em uma sala na Lapa, mulheres se reúnem uma vez por semana para um encontro do Corpo Solto. O traje oficial é short curto e top, mas tem quem prefira biquíni. Os pés ficam descalços.

No começo da aula, a professora Jéssica Queiroz propõe: “Vai pensando o que você quer com seu corpo nesse momento. A gente vai se dar um toque, vai se encostar, sente. Carinho, delícia, gostosa”, diz ela, aquecendo para a aula, que começou há cerca de dois anos e atravesso a pandemia. Aos poucos, as aulas presenciais vêm sendo retomadas.

“O funk sempre esteve no meu repertório musical e na minha forma de me expressar dançando. Eu sou da Penha, e lá a cultura do funk é predominante e eu fui muito influenciada por isso e percebi que nas minhas aulas, as alunas queriam aprender esse tipo de movimento (de rebolado)”, diz ela.

As cerca de 20 alunas têm entre 22 e 43 anos e dançam até suar. Cada uma vai no seu ritmo, umas mais soltas, outras mais tímidas, algumas sensualizando. O importante é se sentir à vontade.

“Propor uma experiência de saúde através do rebolado é o que eu quero. Essa aula é uma terapia, uma forma de você quebrar os tabus com seu corpo, inclusive na questão do desempenho sexual. É sobre dominar o movimento e sentir como pode funcionar em você”, diz a professora, que cobra R$ 40 por aula avulsa.

‘Tem que colocar marra’

Em um galpão que também fica na Lapa, acontece a oficina do AfruFunk Rio, pioneira no estilo e que já tem oito anos de existência. A chefona por lá é Taísa Machado, que treina cerca 18 mulheres. Antes da pandemia, o número já passou de 40 alunas, mas a nova realidade pede restrições.

As presentes têm níveis diferentes de aptidão. Taísa anda pela sala, observa as posturas, corrige, mas cada uma vai no seu tempo, no ritmo ditado pelo próprio corpo.

A aula mistura momentos comuns de aulas de academia, com agachamentos, sempre marcados por funk, com movimentos vistos em funks, como o quadradinho e a quicadinha.

“Todas querem chegar na segurança com o próprio corpo. O funk é dança dominante, popular, mas ainda as mulheres ainda têm muitas com seus corpos porque quem a gente vê no palco, dançando é um corpo padrão. Essa aula é para mostrar que todas as mulheres podem fazer um movimento tão gostoso e bonito quanto o das pessoas que elas gostam de ver dançar”, diz.

Durante sua aula, entre um passo e outro, Taísa explica que “Tem que colocar marra” na hora que está dançando.

E o que seria essa marra? “Bom, o primeiro passo é se lembrar que você, com o seu corpo, é uma grande gostosa. A segunda é uma dica mais prática: abre o peitoral. A terceira é: olha por cima do ombro, do jeito que as antigas do samba ensinaram. Então você está lá, sendo uma grande gostosa, com peitoral aberto e olhando por cima do ombro”, brinca. Tá ensinado.

*G1

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