O poeta e tradutor amazonense Thiago de Mello morreu aos 95 anos nesta sexta-feira (14/1). Segundos informações de seus familiares, a causa da morte foi natural, durante o sono.
O artista era um dos poetas mais conhecidos da região e cantou em prosa e verso sua luta pelos direitos humanos e a preservação da maior floresta do mundo.
História
Amadeu Thiago de Mello nasceu no dia 30 de março de 1926, em Barreirinha, no interior do Amazonas.
Ainda na infância, mudou-se com a família para Manaus, onde iniciou seus estudos no Grupo Escolar Barão do Rio Branco e depois, no Ginásio Pedro II.
Anos depois, viajou para o Rio de Janeiro, e em 1946 ingressou na Faculdade Nacional de Medicina mas acabou largando o curso para seguir carreira na literatura.
Início dos poemas
Em 1950 publicou seu poema “Temo Por Meus Olhos”, na primeira página do Suplemento Literário do Jornal Correio da Manhã.
Em 1951 publicou “Silêncio e Palavra”, que foi muito bem acolhido pela crítica.
Em seguida publicou: “Narciso Cego” (1952) e “A Lenda da Rosa” em (1957).
Exílio
Durante a década de 50, colaborou com diversos veículos de oposição ao governo de Getúlio Vargas, fundou a Editora Hipocampo e dirigiu o Departamento Cultural da Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro.
Após um período servindo no Itamarati como diplomático de cultura do Brasil na Bolívia , no Chile (onde conheceu o poeta Pablo Neruda), Mello teve sua carreira interrompida pela ditadura militar.
Em 1965, retorna para o Brasil, porém 3 anos após a sua chegada é perseguido pelo regime militar e volta para Santiago (Chile), onde permanece exilado por 10 anos.
Durante esses anos, Mello escreve algumas de suas maiores obras que lhe renderam um prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte, ainda durante a ditadura, tornando-o conhecido internacionalmente como um intelectual engajado na luta pelos Direitos Humanos.
Obras publicadas durante o exílio:
Faz Escuro Mas Eu Canto, 1965;
A Canção do Amor Armado, 1966;
Poesia Comprometida com a Minha e a Tua, 1975;
Estatutos do Homem, 1977.
De volta ao Brasil
Em 1978, o poeta volta do exílio e, ao lado do cantor e compositor Sérgio Ricardo (1932), participa do show Faz Escuro Mas Eu Canto, dirigido pelo cronista e dramaturgo Flávio Rangel (1934-1988) e apresentado em dez capitais brasileiras.

Quando voltou ao Brasil, o poeta também anunciou, em coletiva à imprensa, que iria morar na Amazônia e afirmou que dedicaria a sua vida e arte à defesa da floresta.
“Eu voltei um ano antes da anistia, por isso, eu fui novamente preso. Eu, que não pertencia a político algum. E quando eles me deixaram, afinal, sair, um mês e meio depois, houve uma entrevista coletiva, ao final da qual anunciei que eu ia morar na floresta amazônica, da qual sou filho”, lembrou, em entrevista disponível no YouTube.
O renomeado arquiteto, Lucio Costa, presenteou Mello com a criação do projeto da casa em que o amazonense morou por muitos anos, em sua cidade natal, Barreirinha.

Obras
Em março de 2021, Thiago de Mello completou 95 anos. Ao longo de sua carreira, o poeta fez diversas parcerias artísticas, entre elas, com Sérgio Ricardo no show ‘Faz Escuro Mas Eu Canto’
Também fez parceria com o maestro Cláudio Santoro, que compôs uma peça sinfônica baseada em poemas de seu livro também intitulado ‘Faz Escuro Mas Eu Canto’.
Em 2006, gravou ‘A criação do mundo’, musicado por seu irmão, Gaudêncio Thiago de Mello.
O poeta amazonense tem outros livros reconhecidos mundialmente, como ‘Silêncio e palavra’ e ‘Manaus, amor e memória’.
Uma de suas obras literárias mais famosas é o livro ‘Os Estatutos do homem’, divulgado pela Unesco, em 1982. A sua publicação mais recente, o livro ‘Acerto de Contas’, publicado em 2015.
Centro Cultural Thiago de Mello
Inaugurado oficialmente em 08 de março de 2002, um Centro Cultural, localizado na Avenida Autaz Mirim (Grande Circular), nº 9018, Bairro Amazonino Mendes II,recebeu o nome em homenagem ao poeta e tradutor natural do Amazonas, Amadeu Thiago de Mello.
