Decretos de restrição de circulação emitidos pelo Governo do Amazonas durante a pandemia não foram suficientes para inibir a população. De janeiro a abril de 2021, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) registrou 22.924 ligações de denúncia de aglomeração ao serviço emergencial 190. Nos últimos oito meses, 56 festas clandestinas foram encerradas e mais de 500 pessoas foram detidas no Amazonas.
A Polícia Militar estima que 27% do número de chamados pelo 190, recebidos nos primeiros quatro meses deste ano, foram referentes a denúncias de eventos e reuniões com grande concentração de pessoas. Os mais de 22 mil registros de 2021 correspondem a mais que o dobro de 2020, quando foram recebidas 6.523 ligações para denunciar aglomeração.

Para se ter uma ideia do volume, em janeiro deste ano o número de denúncias já havia superado os de 2020. Os atendentes do 190 chegaram a atender 9,7 mil ligações da população sobre aglomerações, no primeiro mês do ano.
Festas clandestinas
De setembro de 2020 a abril de 2021, 56 festas clandestinas foram encerradas pelos agentes da Central Integrada de Fiscalização (CIF). Dos 56 eventos irregulares, 49 foram realizados em Manaus. Juntas, estas festas reuniram cerca de 23 mil pessoas e resultaram em 560 detenções por desobediência e descumprimento de medida sanitária.

Rafael Brito*, morador do bairro Compensa, Zona Oeste de Manaus, é uma das pessoas que denunciou aglomerações à Polícia Militar. Foram mais de 10 ocasiões em que precisou acionar o 190 para conter as festas privadas do seu vizinho.
“Ele mora numa kitnet, com dois cômodos, e vive reunindo os amigos com som alto, bebida e drogas”, disse Rafael sobre seu vizinho. “Quando ele começa, eu já sei que não vou dormir”, acrescentou.
O vizinho tem o hábito de reunir os amigos durante o fim de semana. Muitas vezes, o número de pessoas chega a ser mais de 20 dentro do pequeno apartamento. As festas começam à noite e costumam durar até o outro dia.
Mesmo com a intervenção da Polícia Militar, o vizinho não parou de realizar as confraternizações. “Ele continua fazendo as festas, mas agora mantém o som mais baixo”, lamentou.
* Nome fictício para preservar a identidade do denunciante.