Um rapaz de 20 anos morreu durante uma intervenção policial, em Piracicaba (SP), na noite deste sábado (12). De acordo com o relato da Polícia Militar no boletim de ocorrência, ele fugiu de uma abordagem após ser flagrado com um revólver e foi alvejado após apontar a arma para um soldado. Após a morte, moradores atearam fogo em ônibus e bloquearam vias do bairro em protesto.
Segundo o boletim de ocorrência, o caso aconteceu no bairro Bosque dos Lenheiros, por volta das 22h20. À Polícia Civil, a PM informou que realizava patrulhamento de rotina quando, no cruzamento da Rua Pau Brasil com a Rua Mognos, flagrou dois homens discutindo com arma de fogo em punho, que fugiram para direções opostas ao avistarem a viatura.
Os militares informaram que pediram reforço e passaram a perseguir um dos suspeitos, que se escondeu atrás de uma perua Kombi na Rua Carambás, esquina com a Rua Seringueiras. Em determinado momento, também conforme o relato dos PMs, o rapaz apontou um revólver calibre 32 em direção a um soldado, que efetuou quatro disparos para se defender e um deles atingiu o rapaz no tórax.
O suspeito foi desarmado e foi acionado socorro médico, que o encaminhou ao Pronto Socorro Vila Sônia, onde não resistiu. Ele foi identificado como Adriano Henrique Targino da Silva.
A funerária responsável pelo corpo informou disse que ele foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) e a previsão que o velório tenha início às 14h e enterro às 17h, ambos no Cemitério Parque da Ressurreição.
Ataque com bombas e incêndio
Após a ocorrência, conforme o relato no boletim de ocorrência, moradores começaram a atacar os policiais com pedras, paus e bombas e foi acionado reforço do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) e Força Tática.
Também durante os protestos, os moradores incendiaram um ônibus fretado de uma empresa e o fogo atingiu a rede de energia do bairro.
Em nota, a CPFL Paulista informou que após o incêndio no coletivo registrou interrupção de energia para poucos clientes, na manhã deste domingo. “A companhia esclarece que equipes foram enviadas e trabalham no local para restabelecer a rede que foi atingida pelas chamas”, acrescentou.
Imagens em redes sociais também mostram que moradores atearam fogo em pneus e galhos de árvore para bloquear vias do bairro.
De acordo com a prefeitura, por causa da situação, os ônibus do transporte urbano municipal ficaram temporariamente sem entrar no bairro neste domingo (13), mas já retomaram o itinerário normal na região.
Um perito criminal esteve na UPA da Vila Sônia para realizar exame externo no corpo. Também realizou exames residuográficos nas mãos do rapaz e do policial militar que fez os disparos. As duas armas foram apreendidas para passar por perícia.
No local onde houve a intervenção não foi possível a perícia devido às manifestações dos moradores, segundo a polícia.
O caso foi registrado no plantão policial como morte decorrente de intervenção policial.
“Quanto a conduta do Policial Militar autor/vitima, afigura-se, em princípio, dentro da legalidade e amparada pela excludente de ilicitude da legítima defesa própria, nos termos do art. 25, do Código Penal, tendo ele, em tese, empregado moderadamente dos meios necessários e disponível para repelir a injusta agressão cometida pelo agente contra sua pessoa”, justificou o delegado Alex Willians Adam.
*G1