Um mural pintado em homenagem ao indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Philips, mortos em junho no Vale do Javari, no Amazonas, foi pichado em Belém. O ato de vandalismo ocorreu no fim de semana, segundo And Santtos, artista visual que pintou a obra.
“Amanheci com a triste notícia que tinham pichado o muro feito com tanto carinho, que passa uma mensagem da preservação dos povos indígenas, de manter a floresta em pé, de homenagear os dois ativistas brutalmente assassinado”, lamentou.
O mural de 152 metros² foi pintado em julho na esquina da Avenida Marquês de Herval com a Travessa Vileta, no bairro da Pedreira, na capital paraense. A obra integra um movimento nacional chamado de “Artivismo”, simbolizando a conexão entre arte e ativismo.
A suspeita é que a pichação tenha ocorrido na madrugada de domingo (4). Uma amiga de And enviou para ele fotos que mostram a pichação ao passar pelo local e ver o que tinha ocorrido.
Segundo o artista visual com experiência em muralismo, esta é a primeira vez que um trabalho seu é pichado em Belém. Não há suspeitas sobre motivação ou quem pode ter feito a pichação.
“Estamos na rua e a rua é a vulnerável a tudo isso, às intempéries da chuva, do sol e até mesmo do próprio ser humano. Fiquei triste,mas na quarta-feira (7) vamos revitalizar”, disse And.
A Polícia Civil não foi notificada oficialmente sobre o caso, mas que, mesmo assim, “‘diligências estão sendo realizadas para coletar maiores informações e identificar os autores do crime”.
“A Divisão Especializada em Meio-Ambiente e Proteção Animal (Demapa) ressalta que atua em conformidade com o artigo 65 da Lei de Crimes Ambientais – Lei 9605/98, que prevê detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa a quem pratica o crime” de pichar ou sujar monumento urbano, disse a Polícia Civil em nota.
O ambientalista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Philips foram mortos no início de junho no Vale do Javari, no Amazonas. Três homens foram presos e a Polícia Federal investiga a participação de mais pessoas no crime.
Pereira e Phillips foram mortos a tiros e tiveram os corpos queimados e enterrados durante uma expedição em uma região da Amazônia, o Vale do Javari, que é palco de conflitos que têm se alastrado pela floresta: tráfico de drogas, roubo de madeira e avanço do garimpo.
*G1