Chegamos ao mês de setembro, mês da campanha Setembro Amarelo, ação que foi iniciada no Brasil em 2014 e que visa reduzir os índices de suicídio, tendo como data principal o dia 10 deste mês, quando se comemora o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, a ideia é pintar, iluminar e estampar o amarelo em monumentos e nas mais diversas resoluções, garantindo mais visibilidade à causa. Falar sobre “Suicídio” é de extrema importância devido a seu impacto social, seja em termos numéricos, seja em relação a familiares, amigos ou conhecidos das pessoas que fazem uma tentativa ou ameaçam se matar.
A palavra suicídio deriva do latim e significa sui = si mesmo e caedes = ação de matar, ou seja, “morte de si mesmo”. O primeiro dicionário a defini-la foi o Oxford English Dictionary,3 na Inglaterra, em 1661.
Quando uma pessoa se mata, será que ela está de fato querendo morrer? Será que ela tem noção do que está prestes a fazer ou é um ato impulsivo de alguém que perdeu momentaneamente o controle?
Durante uma crise existencial, a capacidade da pessoa em manter o controle sobre sua vida torna-se nula ou muito reduzida, as condições contínuas de estresse e de sofrimento emocional podem, muitas vezes, desencadear várias condições adversas e que podem criar distúrbios na regulação dos afetos como, por exemplo, na redução da capacidade de se sentir prazer pelas coisas, por sentimentos e pensamentos recorrentes de tristeza e de raiva causando muito prejuízo à pessoa, como faltas ao trabalho ou a escola, maior isolamento social e, finalmente, pensamentos de autolesão ou de morte (ABREU, 2020).
O suicídio ainda é um ato realizado com um propósito específico, que visa o autoextermínio, todavia, traz como características frequentes a tentativa de diminuir ou interromper o sofrimento psíquico que o sujeito vivencia.
A Organização Mundial da Saúde estimou, que anualmente, a cada adulto que se suicida, pelo menos outros 20 apresentam algum tipo de pensamento (ou também chamado de “ideação” suicida) ou mesmo algum comportamento que atente contra a própria vida. O suicídio e o comportamento autolesivo são fenômenos complexos e, na maioria das vezes, vem atrelados a uma série de fatores de risco, ou seja, que não podem ser explicados por uma única causa sendo, portanto, denominados de multifatorais (são decorrentes de vários fatores).
Uma grande questão vinculada ao suicídio é que a prevenção, de forma global, é possível. Logo, os comportamentos suicidas podem ser contextualizados como um processo complexo, que pode variar desde a ideia de retirar a própria vida, que pode ser comunicada por meios verbais e não verbais, até o planejamento do ato, a tentativa e, no pior dos casos, a morte.
O suicídio, é definido por alguns profissionais de saúde, como uma manifestação humana, uma forma de lidar com o sofrimento, uma saída para livrar-se da dor de existir. Podendo ser considerado uma carta na manga, isto é, aquilo de que o sujeito pode dispor quando a vida lhe parecer insuportável.
A identificação, avaliação, gestão e acompanhamento precoces aplicam-se a pessoas que tentaram suicídio ou são consideradas em risco. Uma tentativa anterior de suicídio é um dos fatores de risco mais importantes para um futuro suicídio. A prevenção se dá com a manutenção de um ambiente familiar saudável, diálogo, escuta, ausência de julgamento, fortalecimento dos vínculos familiares, acolhimento e apoio.
Sabemos que nem sempre a família saberá como lidar com certas situações e não existe nenhuma vergonha em pedir ajuda profissional ou de alguma instituição especializada no assunto. Um dos cuidados a serem tomados é não contar para pessoas que não ajudarão na resolução de algum conflito ou sofrimento de família. Se você realmente quer resolver a situação, a ajuda deve vir de uma fonte preparada para isso.
Dados importantes, e que não devem ser ignorados. Falar sobre suicídio não deve ser um tabu:
A cada 46 minutos uma pessoa tira a própria vida no Brasil.
Em termos de números, nós só perdemos para os EUA.
O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos.
A maioria dos casos de suicídios no mundo, ocorrem em países de baixa e média renda.
No Brasil, cerca de 12 mil pessoas por ano, tiram a própria vida.
E sim, isso poderia ser evitado.
Danielle Loureiro
