Arquivo de Notícias2021 | 2022

‘Sala de Games’ | A Nova Saga Wolfenstein – A História da Franquia

Ser o primeiro a fazer algo, ainda que acabe sendo extremamente influente, não quer dizer que será o mais famoso. Ser o primeiro não é a mesma coisa que ser lembrado.

Podemos ver isso em alguns jogos, como o primeiro Uncharted e Demon souls, ambos de PS3. Ainda que sejam muito bem-feitos e divertidos, foram suas sequências que estamparam capas de revistas e, de certa forma, moldaram a indústria de jogos.

A franquia Wolfenstein merece destaque pois conseguiu a façanha de ser a primeira em algo… Duas vezes.

O INÍCIO DA ETERNA SEGUNDA GUERRA

O jogo que iniciou a franquia, Castle Wolfenstein, desenvolvido pela Muse Software, em 1982, é um dos primeiros jogos do gênero Stealth, o qual é focado na furtividade. Ocorrendo durante a segunda guerra, o protagonista é um espião dos aliados que deve roubar documentos dos nazistas e escapar de um castelo.

Pode até ser dito que, vendo que ele uniu diversos elementos de jogabilidade bem avançados – como passar despercebido, usar uniformes para disfarces e fazer seus inimigos se renderem – que ele é o protótipo do que um jogo stealth deve ser.

Após o primeiro jogo, a saga faria história novamente em 1992, com o lançamento de sua nova versão, o Wolfenstein 3D, feito pela ID software. A sacada da história ainda é a mesma, porém é aqui que a franquia passou a flertar com o exagero.

Em vez de se contentar em fugir do castelo com os planos secretos, a aventura termina da única forma que deve terminar: um confronto entre nosso protagonista, que agora tem o nome que o acompanhará em todos os jogos (William “B.J.” Blazkowicz) e ninguém mais do que o próprio Hitler, dentro de uma armadura mecanizada. E depois falam que jogos não são arte.

A revolução dessa vez se deve ao fato de o jogo não ser uma adaptação 100% do original. Abraçando uma jogabilidade rápida e focada no combate, o jogo abandonou o gênero que seu antecessor criou para que pudesse criar um novo: tiro em primeira pessoa.

Não quero dizer aqui que esses jogos não foram bons ou famosos, longe disse. Afinal de contas, Wolfenstein 3D é considerado por muitas publicações um dos maiores jogos já feitos. Contudo, o próximo jogo da ID Software iria simplesmente ofuscar o sucesso de Wolfenstein. Afinal, estamos falando de DOOM.

Tanto que, após ambos os jogos terem sido lançados, os demais jogos de tiro eram chamados de DOOM-clones e não Wolfenstein-clones.

Se eu puder partilhar uma rápida história pessoal, quando eu tinha completado 7 ou 8 anos (talvez até antes), minha tia comprou um jogo de computador para mim e eu me lembro bem dela falando que eu podia ficar tranquilo quanto à qualidade do jogo, pois ela tinha pedido um jogo tão bom quanto DOOM… e, bem, não mencionou Wolfenstein.

Ainda que a saga não tivesse uma relevância rotineira como outras obras similares (a exemplo de um jogo como Half-life), ela não ficou parada no passado.

A ANTIGA “ERA MODERNA” DE WOLFENSTEIN

Em 2001 foi lançado o excelente Return to Castle Wolfenstein, feito pela grey matter interactive, o qual tinha a mesma formula de sempre (Blazkowicz VS nazistas), só que dessa vez colocando elementos de ocultismo. Em outras palavras, os nazistas não eram os únicos monstros.

Não é necessariamente uma sequência dos jogos anteriores, mas sim uma adaptação dos temas passados (Nazismo, violência e B.J. Blazkowicz como protagonista) para um novo século.

Avançando alguns anos, mais precisamente em 2009, a talentosíssima Raven Software lança o jogo chamado apenas de Wolfenstein. Essa versão é uma nova releitura dos elementos da saga, adaptando o que foi feito no último jogo para um ritmo que remete à franquia Bioshock e ao também maravilhoso Singularity, da própria Raven.

Todos os jogos citados como parte da grande franquia são bem divertidos e recomendo que tente dar uma chance para cada um deles, pelo menos para ver o que Wolfenstein foi em determinado momento da história dos jogos.

Mas alguém pode perguntar: “o que tem em comum entre eles?”

Honestamente, todos eles são feitos dos mesmos 3 elementos: Combate, Nazistas e Blazkowicz.

O COMEÇO DA NOVA ORDEM

Seja no início dos cenários 3D para jogos de tiro, lá em 92, ou diante do que havia de mais moderno em 2001, a herança histórica de Wolfenstein estava sempre presente.

Então, quando a – na época – não muito conhecida desenvolvedora Machine Games, formada por pessoas responsáveis por excelentes jogos como The chronicles of Riddik e the darkness, foi escolhida para criar o mais novo jogo na Saga Wolfenstein, a reação foi um cauteloso otimismo. Afinal, pelo material disponível, pelo menos o jogo seria estiloso.

Só que ninguém poderia imaginar o quão incrível a nova saga acabaria sendo.

Com uma trama envolvente e reflexiva, junto com uma jogabilidade invejável, Wolfenstein está, hoje, lado a lado com DOOM no quesito de melhores jogos de tiro disponíveis, abraçando o futuro, as vezes até demais, sem esquecer de suas origens.

Cada um dos – até o presente momento – quatro jogos da nova saga aborda uma perspectiva diferente do embate contra o nazifascismo. Em determinado momento, ainda estamos na época da segunda guerra, enfrentando os adversários em castelos e vilarejos. Não muito diferente do que a franquia tinha feito até então.

Em outra situação, a batalha é mais pessoal. O jogo questiona quanto dos ideais que definem o nazismo, como racismo e a ânsia insaciável por ascensão social e política, estão enraizados nas pessoas e nas nações.

E, por último, temos também um olhar para o futuro. Que tipo de valores e mundo seremos capazes de passar à diante para as próximas gerações? O que faríamos caso tivéssemos a possibilidade de fugir ou enfrentar uma situação negativa?

Todas essas reflexões são embaladas em um pacote que inclui personagens e tramas extremamente cativantes e um sistema de combate hipnotizante. Caso você deseje vivenciar uma experiência de ação ousada, carismática e bem divertida, Wolfenstein é capaz de encantar e inspirar como poucas obras o são.

Os jogos da nova saga Wolfenstein estão disponíveis em sua totalidade para PC, consoles Playstation, consoles Xbox e, com exceção do primeiro jogo e sua expansão, para Nintendo Switch.

*O presente texto é uma adaptação do fragmento introdutório do vídeo “A nova saga wolfenstein é incrível, você deveria jogar”, disponível aqui.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here