Em depoimento na CPI da Covid no Senado, o ex-ministro da Saúde, Nelson Teich afirmou que o Brasil teria mais vacinas atualmente se o governo federal tivesse aceitado e assumisse o risco de compras das vacinas durante a fase de estudos dos imunizantes. Para Teich, países que tinham orçamento para assumir a compra dos imunizantes, mesmo que não mostrassem utilidade no futuro, “levaram a melhor”.
“Se tivéssemos entrando nas compras de risco (…) São duas coisas distintas. Uma é o consórcio e outra é a compra de risco, se a vacina não der certo, você perde. É um grande risco. Se tivéssemos uma estratégia para vacina, teríamos mais vacina. As vacinas em média, levam 10 anos para serem desenvolvidas, a mais rápida foi de quatro anos. A vacina da Covid foi um grande feito. Se tivéssemos uma estratégia com foco na vacina, teríamos acesso maior e mais precoce”, afirma Teich.
Teich destacou a importância da ciência para o combate à pandemia e defendeu a vacina como única garantia de imunização da população. Durante a sua gestão da pasta, Teich afirmou que chegou a negociar com laboratórios como a Moderna e com a Universidade de Oxford, que fez contato direto na época, para a compra dos imunizantes em fase de estudos – a Pfizer ainda não tinha disponibilizado a vacina.
Nelson Teich permaneceu durante 29 dias no Ministério da Saúde e afirmou que realizou pedido de exoneração por falta de autonomia na gestão e por não aceitar recomendação da cloroquina como prevenção à Covid-19. A cloroquina foi abertamente defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como tratamento de prevenção ao coronavírus, mesmo sem eficácia comprovada para a doença.