A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid entra na terceira semana de depoimentos nesta terça-feira (18) no Senado. Entre os depoentes estão o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e a secretária de gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro – também conhecida como Capitã Cloroquina. Os depoimentos ocorrem respectivamente nesta terça-feira (18), quarta-feira (19) e quinta-feira (20).
Fundamentais para as investigações da CPI, os três depoentes possuem histórico de defesa ao presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) em relação à pandemia. Pazuello esteve no Ministério da Saúde de setembro de 2020 até março de 2021 após sucessivas trocas da pasta durante à pandemia e a sua gestão foi marcada por crise de oxigênio em Manaus, em janeiro de 2021, e atraso na compra da vacina. Já o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo foi um dos responsáveis para iniciar a negociação do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), insumo essencial para a produção das vacinas desenvolvidas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pelo Instituto Butantan. E a médica Mayra Pinheiro, a capitã cloroquina, teve papel fundamental na defesa do tratamento precoce com remédios sem eficácia comprovada para covid-19.
Um dos mais aguardados na CPI, o ex-ministro Eduardo Pazuello possui habeas corpus, concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, após solicitação da Advocacia-geral da União (AGU). O habeas corpus garante que Pazuello tenha o direito de ficar calado para não responder perguntas que o incriminem. A defesa de Pazuello garante que os senadores integrantes da comissão não peçam prisão do ex-ministro durante a CPI, como ocorreu com o ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wanjgarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência.
Em meio polêmicas, Pazuello não depôs na primeira semana devido alegar que teve contato com pessoas com resultado positivo para Covid-19 e que não poderia comparecer presencialmente na CPI. A justificativa gerou revolta dos senadores que relembraram que Pazuello esteve sem máscara em shopping de Manaus na semana anterior. O presidente da comissão, o senador Omar Aziz (PSD-AM), não aceitou realizar o depoimento de forma virtual e transferiu o depoimento do ex-ministro para esta quarta-feira (19).
Com depoimento para a quinta-feira (20), Mayra Pinheiro, a capitã cloroquina, entrou com pedido ao STF, neste domingo (16), para ter o direito de ficar calada em depoimento da CPI.
Poucos dias antes do colapso na saúde do Amazonas e crise de oxigênio em Manaus, Mayra Dias esteve presente em comitiva no Estado e enviou ofício à Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) de Manaus pressionando a gestão utilizar medicamentos antivirais contra a Covid-19. No documento, Mayra Dias destacou que a não adoção da orientação era “inadmissível” e chegou a solicitar que pudesse realizar visitas em Unidades Básicas de Saúde (UBS) destinadas ao atendimento preventivo para que “seja difundido e adotado o tratamento precoce como forma de diminuir o número de internamentos e óbitos decorrentes da doença”.
Entre os medicamentos orientados pela pasta estavam a cloroquina e a ivermectina, ambos em eficácia comprovada no tratamento para Covid-19.
A presença da secretária de gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde para depor foi convocada pelos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o vice-presidente da comissão, Humberto Costa (PT-PE) e pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL).
Os depoimentos da CPI podem ser conferidos ao vivo no O Primeiro Portal