Lá na época da Revolução Francesa de 1789, durante a realização da Assembleia Constituinte, haviam grupos organizados, os girondinos e os jacobinos. Os primeiros eram de camadas mais ricas da sociedade, sendo mais conservadores e conciliadores, que se sentavam à direita. Já os jacobinos eram considerados mais radicais e sentavam-se à esquerda da assembleia. Vale ressaltar que a Revolução Francesa foi um processo conduzido pela burguesia. Mulheres e pessoas pobres não participavam dos debates da época e as questões que dividiram os participantes entre direita ou esquerda não são as mesmas que hoje dividem essas visões políticas.
Como ideologia é uma forma de pensar, ser de direita ou de esquerda está ligado a forma como a pessoa pensa a sociedade. As pessoas de direita ou de esquerda têm pensamentos diferentes de como devem atuar o Estado e o mercado, por exemplo. E esse pensamento guia a forma com que as políticas públicas serão executadas por cada um desses grupos políticos, caso cheguem ao poder.
Houve um tempo em que por meio da democracia, não era necessário usar a agressividade nos discursos para chegar ao poder: a disputa não aconteceria por meio da violência, mas pela discussão de ideias e apresentação de propostas para melhorar a vida de todos. Quem convencesse mais cidadãos e conseguisse mais votos chegaria aos postos de comando.
Atualmente isso mudou e o que temos visto entre esquerda e direita é um festival de atrocidades, acusações pra lá e pra cá, enquanto as propostas, aquelas que teriam que ser voltadas ao bem estar da população, são esquecidas, e pior, o fanatismo tanto de um lado quanto do outro, simplesmente tem ignorado que independente do lado, a população que concede esse poder, precisa ser a prioridade.
As eleições desse ano viraram um campo de batalha, ambos os lados só estão preocupados em ter o poder nas mãos, não importa o que precise ser feito para que esse objetivo seja atingido. E a população comprou essa ideia absurda de que se não se posicionar contra um lado, automaticamente isso significa que está com outro, e então: guerra instalada, guerra entre amigos, guerra entre família, apenas um cenário de guerra. Quem tem mais crimes no currículo? Quem roubou mais? Quem desviou mais recursos públicos? Quem enriqueceu mais através desses desvios?
Propostas? Não, não temos.
Temos apenas uma nação dividida entre esquerda e direita. E ai de você que diga que não está de um lado e nem do outro, já vira “insentão”, “sem personalidade”, “em cima do muro”. Hoje não se pode mais simplesmente se abster de não defender esquerda ou direita, pois isso gera conflitos também. A tensão é tão grande que precisa ter muita coragem para “escolher” um lado e expor, pois uma coisa é tão certa quanto o fanatismo, os ataques.
Seria essa polarização simplesmente o reflexo dos políticos que representam esquerda ou direita? Ou será que toda agressividade e violência que temos assistido e cometido, é apenas nosso reflexo? Será que cansamos de esperar que eles, os políticos, governem pra nós e por nós e não mais para o próprio umbigo? E por favor, que fique claro, a expressão “governar pra nós e por nós”, não significa política de assistencialismo puro e simples, mas condições dignas e que reflitam o tanto de impostos que são pagos anualmente.
O seu político de estimação, seja ele de direita ou de esquerda, demonstrou estar de fato preocupado ou comprometido em melhorar sua cidade? Seu País?
Quando esse caos passar, e seu político de direita ou esquerda estiver com o poder em mãos, o que você espera que ele faça não só por você, mas por sua cidade, pelo seu País que vai te fazer colocar a cabeça no travesseiro à noite e dormir em paz?
Independente do lado que defende, todo político precisa e deveria estar comprometido com a honestidade, com a integridade e usar os muitos recursos financeiros que dispõe para trabalhar em prol da população, que infelizmente esquece que todos os políticos trabalham pra ela, e não o contrário.
Esquerda ou direita, não deveriam ter o poder de interferir em suas relações pessoais e familiares, ninguém deveria ser tão fanático ou cego a ponto de tirar a vida de outra pessoa por pura discordância política. A discordância deveria servir para debater ideias, pontos de vista, mas infelizmente só tem gerado dor e mais violência.
Então fica o questionamento: O que temos feito pra defender o lado em que acreditamos, é reflexo de nós mesmos ou reflexos dos políticos a quem demos ou daremos o poder de governar?
*Editorial / O Primeiro Portal