Olá habitantes do multiverso da nerdice…hoje o todo o multiverso está triste. Na última quinta-feira, dia 28 de abril, uma lenda dos quadrinhos nos deixou: Neal Adams, o artista que revolucionou o Batman no final dos anos 70 e começo dos anos 80, faleceu aos 80 anos de idade, porém sua morte só foi divulgada ontem, sexta-feira.
Confesso que esta notícia me pegou de surpresa…eu ainda estou tentando processá-la no momento em que estou escrevendo esta coluna…até tinha planejado escrever sobre outras coisas, afinal saiu um spot de tv muito revelador de Dr. Estranho e o Multiverso da Loucura, Batman 2 foi confirmado na CinemaCon…mas não poderia deixar de prestar uma singela homenagem a este gênio.

Quando penso no Batman, a imagem que me vem à cabeça é de um desenho de Neal Adams. Quando era moleque, os formatinhos do Batman, lançados aqui no Brasil pela editora Abril, contemplavam justamente a fase de Neal Adams à frente do personagem. Se tem imagens icônicas do personagem, provavelmente ela foi desenhada por Neal Adams, George Pérez ou José García-López, tamanha a importância desses artistas para o mundo dos quadrinhos.

Nos anos 70, Neal assumiu a revista do Batman e juntamente com o roteirista Dennis O’Neill, conseguiu ‘descolar’ a imagem do personagem da série de TV que era voltada para o público infantil e tinha uma pegada bem cômica. O Batman de Neal Adams tinha uma pegada mais detetivesca e ele fez um longo arco de histórias do homem-morcego que se tornaram um clássico absoluto. Neal e Dennis criaram alguns personagens que hoje são importantes no cânone do Batman, como Ra’s Al Ghoul e sua filha Talia, mãe de Damian Wayne, filho de Bruce e um dos Robins da nova geração. Outro personagem que sofreu muito com a influência de Neal e Dennis, foi o Coringa, que deixou de ser um personagem mais cômico e assumiu a identidade de maníaco homicida.

Neal e Dennis também foram responsáveis por uma das fases mais clássicas do Lanterna Verde Hal Jordan, em que o herói, junto com o Arqueiro Verde e de um dos Anciões de Oa, percorrem os Estados Unidos encarando os problemas sociais que o país tinha durante o começo dos anos 1970.

Essa fase, em especial, se tornou um marco dos quadrinhos por explorar os problemas sociais dos EUA, com histórias como a que o Arqueiro Verde descobre que Ricardito, seu ajudante, estava viciado em Heroína – edição que, quando publicada, acabou se tornando um importante marco para a queda do famigerado Comics Code Authority (CCA), que buscava controlar os conteúdos publicados nas HQs nos EUA. Até então, temas delicados como estes e centrados mais nos problemas da vida real não eram tão explorados nos quadrinhos.

MEU ENCONTRO COM A LENDA

Mal pude acreditar quando em 2019, a Comic Con Experience (CCXP) anunciou a vinda de Neal Adams para o Brasil. Finalmente eu iria realizar um sonho, conhecer um dos ídolos da minha infância! A fila para o stand do Neal estava gigantesca durante todo o dia, então resolvi esperar quase pelo fim do dia para ir ao stand dele…confesso que fiquei emocionado, é bem surreal você estar de frente a uma verdadeira lenda dos quadrinhos…e essa é uma das melhores ‘experiências’ que a CCXP pode proporcionar…você encontrar seus ídolos…poder tirar uma foto, pegar um autógrafo, conversar, agradecer por tudo aquilo de bom que eles nem mesmo sabem que fizeram na sua vida…não tem preço. E Neal era um cara grandão, de um sorriso enorme e muito simpático, jamais vou esquecer a felicidade que senti naquele dia e a honra que foi apertar sua mão.
Muito obrigado, Neal. Obrigado por sua arte, por ter feito minha infância/juventude mais feliz…obrigado por sua luta para que os artistas e criadores de quadrinhos tivessem mais reconhecimento e direito sobre suas obras…foi uma honra tê-lo conhecido, seu trabalho e seu talento serão eternos. Descanse em paz.
Até semana que vem. Para o alto e avante. Stay safe.
